Centro de Pesquisa e Processamento de Terras Raras
A mineradora australiana Viridis Mining & Minerals revelou, nesta segunda-feira (20), planos para erigir um centro dedicado à pesquisa e ao processamento de terras raras em Poços de Caldas, Minas Gerais. O projeto, que não contará com tecnologia ou equipamentos provenientes da China, foi formalmente anunciado em um fato relevante destinado ao mercado.
Localizado a cerca de sete quilômetros das concessões minerais da mineradora, o novo centro servirá como uma plataforma para a produção experimental de carbonato misto de terras raras, uma fase intermediária crucial na cadeia de refino desses minerais.
As operações estão programadas para iniciar no segundo trimestre de 2026. A instalação, projetada para processar até 100 quilos de minério bruto por hora, funcionará como uma unidade de demonstração. Seu foco será validar parâmetros técnicos, otimizar operações e preparar o desenvolvimento comercial de terras raras pela empresa.
Objetivos Estratégicos do Centro
Outro aspecto importante do centro é a geração de amostras de produtos que servirão para qualificar parceiros de offtake, ou seja, empresas que poderão assinar contratos de compra antecipada da produção futura. Este desenvolvimento acontece em um contexto de crescente controle sobre as exportações de terras raras pela China, uma nação que detém mais de 80% do processamento global desses minerais.
No último dia 9 de outubro, Pequim ampliou suas restrições, exigindo autorizações para a exportação de produtos que contenham até mesmo traços de terras raras. Essa decisão criou apreensões entre países ocidentais e desencadeou uma busca por fornecedores alternativos, com o Brasil despontando como uma opção viável.
A escolha da Viridis de manter-se distante de insumos e tecnologias chinesas é considerada uma decisão estratégica. Segundo a mineradora, o objetivo é mitigar riscos de dependência e estabelecer o Projeto Colossus, que está sendo desenvolvido no sul de Minas Gerais, como um fornecedor ocidental confiável dentro da cadeia de minerais críticos.
“Essa abordagem proativa garante que a Viridis não enfrente atrasos, restrições ou riscos associados a controles de exportação. Além disso, posiciona o Projeto Colossus como um dos poucos empreendimentos de terras raras que podem avançar de forma independente da cadeia de suprimentos chinesa”, afirmou a empresa em comunicado.
O Projeto Colossus e sua Importância
O centro em Poços de Caldas integra o Projeto Colossus, que visa desenvolver reservas de argilas iônicas ricas em terras raras. Este projeto tem potencial para produzir elementos essenciais como neodímio, praseodímio, térbio e disprósio, amplamente utilizados na fabricação de ímãs.
Atualmente, a prioridade da Viridis é a obtenção do licenciamento ambiental necessário para o projeto. O estudo de impacto ambiental foi apresentado em janeiro de 2025, e a expectativa é que a licença prévia seja concedida em breve.
A mineradora também iniciou um estudo de viabilidade definitiva, com conclusão prevista para junho de 2026. Assim, a Viridis Mining & Minerals se posiciona como uma referência no setor de terras raras no Brasil, buscando não apenas atender à demanda interna, mas também se firmar como um player relevante no cenário global.
