Crescimento Estável da Economia Chinesa: Desafios e Oportunidades à Vista

Desempenho Econômico no Terceiro Trimestre

A economia da China apresentou um crescimento modesto de 1,1% no terceiro trimestre deste ano, conforme divulgado pelo Departamento Nacional de Estatísticas do país. Esse resultado reflete uma continuidade na tendência observada na primavera, colocando a projeção de crescimento anual em cerca de 4,1%, se mantido o ritmo atual.

As robustas exportações e o contínuo investimento em novas fábricas têm contribuído para atenuar a queda nas vendas do varejo e os desafios enfrentados pelo setor imobiliário. Não há como ignorar, entretanto, o impacto negativo que a crise no mercado imobiliário teve nas economias das famílias, levando muitas a contiver gastos. Nos últimos quatro anos, a forte desaceleração desse setor resultou na perda significativa de patrimônio para muitos cidadãos chineses.

Medidas do Governo e Desafios Locais

Em resposta, o governo central tem implementado subsídios para estimular o consumo de produtos como smartphones, carros elétricos e eletrodomésticos. Porém, é importante observar que vários governos locais enfrentam restrições orçamentárias, reduzindo a participação nesses programas de incentivo. Essa situação se agrava com a queda de até 40% nos preços dos imóveis em diversas cidades em comparação ao auge de 2021, o que tem gerado dificuldades para incorporadoras e construtoras.

A contração no setor imobiliário e de construção, que historicamente representou um quarto da economia do país, persiste. As vendas no varejo de bens de consumo estão em queda, com um crescimento de apenas 3% em setembro em relação ao ano anterior, o menor índice desde novembro do ano passado.

Investimentos e Exportações: Os Motoristas da Economia

Embora os desafios no consumo interno sejam significativos, o investimento em novas fábricas e a expansão das exportações continuam a ser pontos positivos. O superávit comercial da China aumentou 12,4% nos últimos três meses, refletindo uma demanda crescente por produtos chineses no exterior. A projeção é de que o superávit comercial ultrapasse a marca de US$ 1 trilhão, superando o recorde do ano anterior.

As exportações da China para os Estados Unidos caíram, em parte devido às tarifas impostas por administrações anteriores, mas as vendas para países em desenvolvimento têm aumentado substancialmente. Isso inclui exportações que, embora inicialmente destinadas a outros mercados, acabam sendo reexportadas para os EUA ou utilizadas em projetos locais, como a construção de fábricas e instalações de energia solar.

Expectativas Futuras e Reunião do Partido Comunista

Os dados de crescimento divulgados foram melhores do que o esperado por analistas, embora o Departamento Nacional de Estatísticas tenha revisado para baixo seu cálculo do trimestre anterior. O departamento descreveu a economia como mostrando resiliência, afirmando que houve um crescimento de 4,8% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. No entanto, muitos especialistas ainda questionam a veracidade desses números, sugerindo que podem ser superestimados.

O cenário atual coincide com a realização da reunião anual do Comitê Central do Partido Comunista, onde são discutidas diretrizes para o futuro da economia, incluindo o Plano Quinquenal para 2026 a 2030. É possível que novas medidas sejam anunciadas visando revitalizar a economia e impulsionar o consumo, o que pode incluir ajustes nas pensões para idosos ou novos incentivos ao consumo.

Desafios Estruturais e Projetos de Infraestrutura

Alguns economistas, como Xu Sitao, da Deloitte, apontam que a continuação da queda no mercado imobiliário afeta diretamente o varejo, mas há expectativas de que medidas de estímulo ao consumo sejam implementadas em breve. Já outros analistas acreditam que a prioridade do governo continuará sendo a construção de infraestrutura, como ferrovias e hidrelétricas, que é um foco tradicional da política econômica chinesa.

Entretanto, muitos governos locais enfrentam dificuldades financeiras para arcar com esses projetos, já que a queda nas vendas de terras, uma de suas principais fontes de receita, prejudicou seu orçamento. Em contrapartida, o governo central possui uma sólida capacidade de investimento e deve continuar a financiar grandes iniciativas, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do país, conforme análise de Dan Wang, economista da consultoria Eurasia Group.