Trump e a Economia Verde: Um Debate Necessário
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma declaração feita nesta terça-feira (4 de novembro de 2025), destacou a urgência da transição global para uma economia verde. Durante a entrevista, Lula enfatizou a descrença do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação a essa mudança e expressou sua expectativa de que, eventualmente, Trump reconheça a necessidade dessa transformação. O presidente brasileiro mencionou que está “cansado de assinar acordos que penalizam outros países” e argumentou que as tarifas comerciais devem respeitar o teto de 35% estabelecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
“O presidente Trump, por exemplo, afirmou que não acredita na economia verde. Mas eu acredito que ele, mais cedo ou mais tarde, perceberá que essa é uma via sem retorno. Em algum momento, ele vai perceber que não temos muitas alternativas”, argumentou Lula em conversa com jornalistas da AP e Reuters. Sua fala ressalta a importância da conscientização sobre questões ambientais e a necessidade de uma abordagem mais colaborativa no comércio internacional.
Crítica às Tarifas Aplicadas por Trump
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Lula também abordou o aumento das tarifas impostas por Trump, que elevou em 50% a taxação sobre produtos brasileiros, a qual Lula classificou como “baseada em inverdades”. Em julho, Trump justificou essa ação alegando que o governo brasileiro atuou de forma injusta com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem disse respeitar profundamente. O presidente dos EUA também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, acusando-o de emitir ordens de censura secretas contra plataformas de mídia americanas.
“Eu reconheço que um país tem o direito de taxar outro, mas isso deve respeitar os limites impostos pela OMC”, afirmou Lula, reiterando sua posição em favor de um comércio mais justo e equilibrado.
Alternativas de Combustível no Brasil
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Ao discutir alternativas de combustíveis, Lula destacou que o Brasil já adota uma mistura de 15% de biodiesel em seu diesel comum, o que o exclui da necessidade de seguir integralmente os padrões tecnológicos europeus, como Euro 6, Euro 7 e Euro 8. Segundo ele, a implementação desses novos padrões poderia elevar os preços dos caminhões e ônibus em cerca de 15%, o que encareceria o transporte e desconsideraria as particularidades do mercado nacional. “Devemos avançar na transição energética, mas de uma forma que faça sentido para o Brasil”, disse Lula, sublinhando a necessidade de se considerar as condições locais ao formular políticas energéticas.
Tarifas de Importação e seus Efeitos
Informações da OMC revelam que as tarifas de importação do Brasil são superiores às de outros países. As tarifas MFN (Nação Mais Favorecida) aplicadas são de 12% para a maioria dos produtos, enquanto a tarifa média consolidada é de 31,4%, um teto estabelecido pela organização internacional para seus membros. Essa situação confere ao governo a flexibilidade de aumentar as tarifas em setores específicos, embora isso possa gerar incertezas regulatórias para investidores e parceiros comerciais.
Quando analisada a média ponderada, que considera os pesos dos acordos comerciais, o Brasil ocupa a segunda posição em tarifas, de acordo com dados de 2022 do Banco Mundial. Comparando com países desenvolvidos, as tarifas brasileiras se mostram significativamente mais altas, refletindo uma das economias mais fechadas em relação a seus pares da América Latina. Enquanto os Estados Unidos aplicam uma média de apenas 3,3% em tarifas, o Brasil se vê com um índice que é o dobro da tarifa média do Chile e superior a países emergentes como China e África do Sul.
Protecionismo e Agricultura
O setor agrícola brasileiro é o mais protegido, com uma tarifa média aplicada de 17,8%. Outros setores também se destacam no ranking, incluindo têxteis e vestuário (16%), calçados e couro (15,3%), automotivo e transporte (14,9%), além de produtos químicos e plásticos (12,5%). Em contraste, os bens de tecnologia e eletrônicos apresentam uma tarifa média de 8,5%. Para economistas consultados, esse panorama tarifário demonstra a dependência do Brasil de mecanismos protecionistas tradicionais, o que pode inibir o crescimento econômico e reduzir a produtividade do trabalhador, resultando em um ambiente com menor inovação.
